Pro Santo
Noite. Eu espero o ônibus. A parada está estrategicamente colocada em frente a um boteco pra lá de bagaceiro, no coração da Lapa. Ao final do expediente, todo aquele povo que ganha por gota de suor se reúne no botequim, pra beber cerveja em copo de plástico e brindar ao novo salário mínimo, que garante mais uma bandeja de torresmo frito em óleo reciclado. Eu, abraçada a meus livros, observo, quietinha, a malandragem. Meu expediente também chegou ao fim.
Um cara, com seus 50 anos, camisa aberta até o umbigo e corrente dourada no pescoço, remexe no bolso e joga um punhado de moedas no balcão: “Me vê uma breja!” Ele segura o copo com firmeza e vai até a porta do bar. Lá estou eu. E penso, invariavelmente: “Pronto! O tio vai me passar uma conversa! O que mais eu quero?”
O Fulano chega de mansinho, observa o movimento da rua e vira, sem cerimônia um terço da cerveja do copo na sarjeta. Ele sorri sorrateiro e, entre os dentes, balbucia: “Pro santo!” Contente, volta ao boteco e sorve, satisfeito, a sua gelada. Com a bênção de Deus.
Um cara, com seus 50 anos, camisa aberta até o umbigo e corrente dourada no pescoço, remexe no bolso e joga um punhado de moedas no balcão: “Me vê uma breja!” Ele segura o copo com firmeza e vai até a porta do bar. Lá estou eu. E penso, invariavelmente: “Pronto! O tio vai me passar uma conversa! O que mais eu quero?”
O Fulano chega de mansinho, observa o movimento da rua e vira, sem cerimônia um terço da cerveja do copo na sarjeta. Ele sorri sorrateiro e, entre os dentes, balbucia: “Pro santo!” Contente, volta ao boteco e sorve, satisfeito, a sua gelada. Com a bênção de Deus.
Texto redigido em 08 de Maio de 2004, no Rio de Janeiro
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