Caxola

Idéias flutuam pela ruas da cidade. Nadam pelos ares em busca de ouvidos atentos e ansiosas por olhos curiosos. Meu prazer voluntário é capturá-las, vesti-las de sedas e traduzi-las em palavras. No Caxola, a beleza acre do cotidiano veste traje de gala.

quarta-feira, maio 13, 2009

Encruzilhada

Par de olheiras mira em volta. Dúzias de blocos. Pencas de credenciais. Canetas sem tinta. Panfletos de campanha. Jornais amarelos. E quilos de papel.

Necessária espera. Chá de banco. Café requentado. E gastrite. Conta histórias. Para tal, pergunta. Com olhos, ouvidos, dedos. Vá lá, com a boca.

Oferece corpo e alma. Mãos e tendões. Alinhava palavras. Apara textos. Costura passado, presente, futuro. O mundo de cá. Com o de lá.

Em fúria pela clareza, questiona. No limite da petulância. Faz-se passar por quem a lê. Para entender. O que ninguém explica. Porque também não entende.

Há alguém determinado a dissuadi-la. Pestaneja. Resiste. Pestaneja. Resiste. Passa o tempo. Pestaneja. Pestanejo.

O sonho, afinal, tornou-se fardo.