O Brasil. Dos outros.
Meu All Star nacionalista caminha pé-ante-pé pela avenida abarrotada. De carros, no asfalto. De povo, na calçada. Dia comum. Mas diferente. Como só o futebol pode torná-lo. A metrópole cinza veste verde e amarelo. Sopram cornetas. Pulam serpentinas. Chovem confetes.
Crianças serpenteiam na rua. Empunham bandeirolas à pátria-amada. Assalariados abrem sorrisos pela folga antecipada. Rumam ansiosos para a televisão mais próxima. Em ônibus-carcaças, se espremem cem. Camisas amarelas enlatadas. A euforia, injustificada, contagia. Sorrio por obrigação. Alegro meu coração por virose. Meu lenço verde no pescoço faz par perfeito com meu sorriso amarelo.
Poucos passos à frente de meus pés, a orquestra de contentamento desafina. A cidade empalidece. Uma mãe. Três filhos. Ela, rosto sulcado de dores. Eles, olhos injetados de fome. A mão estendida dança em meio a multidão de camisas amarelas. A pobre prole mira, curiosa, a atípica movimentação. Chinelo e garotinho apontam um grupo de transeuntes torcedores. “Olha, mãe!”. Náusea e mulher suspiram fundo. Baixam os olhos. Chutam uma pedrinha. “Pois é, filho”. E, num sopro, explicam: “Pros outros, hoje é festa”.
Crianças serpenteiam na rua. Empunham bandeirolas à pátria-amada. Assalariados abrem sorrisos pela folga antecipada. Rumam ansiosos para a televisão mais próxima. Em ônibus-carcaças, se espremem cem. Camisas amarelas enlatadas. A euforia, injustificada, contagia. Sorrio por obrigação. Alegro meu coração por virose. Meu lenço verde no pescoço faz par perfeito com meu sorriso amarelo.
Poucos passos à frente de meus pés, a orquestra de contentamento desafina. A cidade empalidece. Uma mãe. Três filhos. Ela, rosto sulcado de dores. Eles, olhos injetados de fome. A mão estendida dança em meio a multidão de camisas amarelas. A pobre prole mira, curiosa, a atípica movimentação. Chinelo e garotinho apontam um grupo de transeuntes torcedores. “Olha, mãe!”. Náusea e mulher suspiram fundo. Baixam os olhos. Chutam uma pedrinha. “Pois é, filho”. E, num sopro, explicam: “Pros outros, hoje é festa”.