Caxola

Idéias flutuam pela ruas da cidade. Nadam pelos ares em busca de ouvidos atentos e ansiosas por olhos curiosos. Meu prazer voluntário é capturá-las, vesti-las de sedas e traduzi-las em palavras. No Caxola, a beleza acre do cotidiano veste traje de gala.

domingo, julho 03, 2011

Amar de perto

Chamem-me do que quiserem. Não sei amar à distância. Inimaginável começar o dia sem o sorriso bobo dele ao acordar. Sem o elogio aos meus olhos – que, diz ele, ficam mais verdes quando recém-abertos. Sem a marmita de café da manhã, que ele devora a caminho do trabalho.

Como seria nossa história se não houvesse a garrafa térmica vermelha que eu enchia de café preto para mantê-lo acordado durante uma jornada de trabalho de madrugada? E se não houvesse o cafuné de ponta de dedos para me acalmar depois de uma semana em que nada deu certo? Do que seria feito o amor senão dos detalhes de cada dia, da miudeza dos minutos?

Passamos o domingo entre a cama e a mesa, num infindável ciclo de sono e fome. Ao final do dia – um inútil dia – chegamos a mais preciosa conclusão de nosso relacionamento desde aquele primeiro beijo, naquele onze de dezembro de 2006.

Com a cabeça apoiada no ombro dele, calculando os milímetros entre cada fio da barba por fazer, enquanto ele enroscava os dedos nos meus cabelos, perguntei o que nos faltava para sermos felizes. “Nosso canto”, respondeu. Pisquei duas vezes. É.

Não será pra agora, talvez não para logo. Dá medo, mas encanta. Juntar as rotinas, as manias, os medos. Recolher as roupas do banheiro. Dividir as contas, as responsabilidades, a cama. Repartir as tarefas domésticas. Recolher o rastro modorrento do cotidiano. Repartir as agonias - uma a cada dia. Juntar o coração dele com o meu. Ainda mais.

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